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Foto do escritorGabriela Leite

A necessidade de novas narrativas

Atualizado: 30 de mar. de 2020


Imagem: Jonny Lindner/Pixabay

Nós, leitores, crescemos rodeados de narrativas, desde o primeiro livro: romances, aventuras, viagens espaciais, entre outras. Nesse crescimento, nos habituamos a aceitar narrativas já premeditadas pelo grande mercado editorial que sabe “o que vende e o que não vende”. Verdadeiro? Verdadeiro. Mas, e se para alguns de nós essas narrativas já pré-moldadas não servem mais? Darei um exemplo: sou leitora desde que me entendo por ser pensante. Sendo assim, desde muito nova, consumia narrativas que me eram entregues e eu não as questionava. Mas que narrativas eram essas? Na maioria, eram histórias sobre meninas brancas, de longos cabelos lisos e loiros, medindo, no máximo, 1,60m que precisavam ficar na ponta dos pés para alcançar os seus pares românticos. E isso não tinha absolutamente nada a ver comigo; uma menina negra, de cabelos crespos, com mais de 1,70m não se sentiria representada, certo?


Bom, digo por mim que precisamos de novas narrativas. Por muito tempo vivemos embaixo desse jugo de termos que aceitar o que as grandes editoras nos ofereciam e não podíamos questionar. Por quê? Não sabíamos nem se haviam pessoas escrevendo sobre nós mulheres pretas, LGBTIQ+, meninas e meninos gordos e outros atributos que os grandes autores esqueceram de inserir em suas obras.


Querendo ou não, essa falta de representatividade acaba minando a nossa experiência literária. Como vou continuar consumindo uma leitura que não valoriza quem sou? Como embarcar numa aventura onde não me vejo representada? São estas questões que começaram a permear a minha jornada em buscar narrativas novas e frescas que me mostrassem o que eu posso consumir como leitora.


No mês passado, através de uma amiga, consegui encontrar um romance sobre uma protagonista negra e fora dos padrões de corpo perfeito! Para alguns, pode ser só um pequeno “a mais”, mas quando lembro da Gabi de 15, 16 anos que nunca se viu em narrativas românticas, encontrar o seu corpo representado em uma literatura jovial e bem escrita foi um momento de júbilo sem precedentes!


Por isso, meu caro leitor, que precisamos de novas narrativas! Precisamos ser representados, vistos e, olha só, vendidos como literatura por aí!


A ilustre Maya Angelou dizia que “se você quer ler um livro que ainda não foi escrito, escreva-o você mesmo”! Ou seja, não basta estarmos apenas em busca, mas se temos o potencial, devemos dar voz a essas figuras que, infelizmente, só agora estão aparecendo no mundo literário. Coloque a cabeça para pensar, coloque essas mãozinhas ao trabalho e escreva a nova narrativa que você quer ver. Talvez, você pode ser aquele ou aquela que irá abrir novos caminhos para os que virão depois de nós! Pense nisso. Tome como um desafio abrir os olhos para novas narrativas!

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