Entrevista: Cecilia Bortoli
Não dá para escrever uma boa história sem antes ler muitas boas histórias. Cecilia Bortoli, autora do conto Expresso Turístico, lê e escreve desde adolescente e até escrevia para um blog alguns pequenos contos, mas foi mais tarde em sua vida, já com vinte e poucos anos que se apaixonou pela literatura fantástica.
“Quando adolescente gostava muito de livros policiais, terror, ficção científica e de gêneros relacionados ao drama. Gostava de ler biografias dos meus ídolos da música também. Mas foi quando tive contato com a fantasia, com Borges e Cortázar que fiquei apaixonada por esse tipo de história e percebi que era uma ótima maneira de encaminhar milhares de coisas que ficam na cabeça”, contou Cecilia.
Paulista, educadora musical e amantes de diversos tipos de arte além da literatura, como música, teatro e pintura, Cecilia conta que seu processo criativo acontece de várias formas, sem algo definido ou um padrão:
“Acontece de eu ter uma ideia e precisar escrever na hora se for texto ou gravar na hora se for música. Tem também os exercícios de improvisação. De tentar fazer alguma coisa com um pano de fundo pré-definido. Por exemplo, gostei do universo de algum conto que eu li e tento escrever algo que dialoga com isso. Às vezes surgem coisas originais, às vezes fica mais no exercício de escrita mesmo. Gosto de separar algumas horas para escrever na semana. Quantas horas eu vou usar vai depender do meu objetivo naquele momento e também de quanto estou exigida nas outras atividades. Gosto também de escrever pensamentos em um caderno. Às vezes releio e acabo criando algo a partir de um pensamento que surgiu há anos atrás.”, explicou.
Sobre a escrita dos contos, Cecilia afirma que por gostar de ler nesse formato, acaba tendo mais referências. E um fato interessante sobre a escrita de Expresso Turístico, conto publicado na coletânea Contos do Além-mundo, do We Coletivo Editorial, é que a autora não imaginou os personagens e as cenas como pessoas realistas, mas como pinturas de aquarela. “Não acontece sempre. Mas sim, eu adoro aquarela, apesar de não saber pintar”!
Para escrever
Para quem quer escrever, a dica é a que todo aspirante a autor já ouviu ou leu por aí: sentar e escrever. “Além de manter leituras dentro dos estilos que a pessoa gosta é importante buscar diversidade também. E ter coragem para mostrar o que a gente escreve para as pessoas, ficar de olho em possibilidades para publicação – caso a pessoa queira publicar algo – e tomar cuidado com um possível excesso de sensibilidade à avaliação alheia. Acho que o medo acaba impedindo as pessoas de se deixarem ler”.
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