Entrevista: L.P. Araujo
L.P. Araujo, uma recifense de 25 anos, encontrou o Coletivo por meio de um grupo no Telegram, e mal podia esperar que seu conto fosse escolhido para ser publicado na primeira coletânea da editora.
Seguindo o exemplo da irmã mais velha, que via ficar horas escrevendo desde seus oito anos, ela sempre quis poder contar boas histórias também e levar outras pessoas para outros mundos. “Nossos pais cuidaram de incentivar a leitura para as duas, mas eu só lia por causa dela. E é ela quem revisa meus textos todos e lê tudo primeiro”, contou ela.
Amante do FFC (Fantasia e Ficção Científica), o universo desses gêneros também acabam sendo tema na sua escrita. “Inclusive a história de Edgar, personagem do meu conto na coletânea, eu tenho há muito anos. Comecei com uns 13 anos a imaginar esse mundo e alguns dos personagens que quem ler vai acompanhar (Edgar, Xavier e Romina)”, cita ela já dando um gostinho do que está por vir no seu conto.
Mas por que contos? L.P. explica: “Acho que como todo autor eu comecei no sonho de escrever um romance inteiro, uma aventura como nenhuma outra, mas a realidade é que pode ser bem difícil esquematizar tudo em um conteúdo tão massivo. Gosto de contos por se tratarem de histórias mais curtas, mais direto ao ponto, sem negligenciar nenhuma mágica. A parte mais difícil, pra mim, é o desapego. Mesmo que o conto esteja perfeitamente concluído, não significa que não precisa haver cortes, certeza de que vai ter coisa que pode ser cortada. O que mais me encanta na escrita é ser capaz de me transportar e transportar outras pessoas para qualquer lugar. Gosto de ser sugada para dentro de uma história e procuro aplicar esse efeito no que escrevo, da melhor forma possível”, disse ela.
Sobre o seu processo de escrita, ela relata que costuma esboçar a ordem cronológica de todos os acontecimentos, além de fazer perguntas sobre as personagens e fatos para não perder o objetivo. “Eu crio uma espécie de outline do que deve ir acontecendo e também crio perguntas que podem surgir a respeito da narrativa como a motivação da personagem, onde está uma pessoa ou objeto, e vou me respondendo. Não necessariamente essas respostas entram na narrativa, mas, com elas, consigo ter o contexto necessário para descrever e apresentar a história para quem lê”, explica Araújo.
Em Portos Piratas e Pudins Passados, L. P. conta que o primeiro elemento criado da história acabou ficando de fora, mas foi primordial para dar partida na escrita. "As Colhedeiras não estão nesse conto, mas foi a partir delas que comecei a criar o mundo que melhor pudessem acolhê-las, que é esse que estão os Portos Piratas e também os Pudins. Em seguida fiz Edgar, alguém que pudesse explorar comigo cada canto e relatar para o leitor interessado o que viveu ali. Gosto de narrativas íntimas e as histórias de Edgar e Xavier são muito particulares. Existem equívocos da personagem e sentimentos que, geralmente, não são fáceis de compartilhar, como o medo do novo e a saudade do velho", falou ela.
Para quem gosta de escrever, Araújo encoraja a mostrar os textos para outras pessoas, sem medo das críticas. "Encontre leitores betas, nunca vai estar pronto se só você ler e reler. Fique atento aos editais para participar de chamadas para publicação, além de apoiar autores nacionais e estudar a escrita", aconselha.
O conto Portos Piratas e Pudins Passados de L.P. Araújo está na coletânea Contos do Além-Mundo que reúne contos de 15 novos autores brasileiros e já está disponível para compra aqui no site do Coletivo (clica aqui) e na Amazon (clica aqui).
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